segunda-feira, 6 de maio de 2024

MÉRTOLA, 1985

Um Factum notável, o de Eduardo Gageiro. Mais de 150 fotografias nos dois pisos do torreão nascente da Cordoaria. O 25 de abril, claro, e muito mais que isso. Retratos, muitos e excelentes, todos eles. E imagens do País, ao longo de várias décadas. Como esta, que já conhecia e de que gosto particularmente.

Já andou pelo blogue, em setembro de 2014. Escrevi na altura: "Era uma das mais belas curvas do mundo. Tenho disso a mais completa certeza. Ficava em Mértola e era assim, tal como Eduardo Gageiro a fotografou, em 1985. Aquela curva fez-me companhia intermitente, entre o verão de 1983 e a primavera de 1987. A brancura da curva desapareceu, há cerca de duas [agora são três] décadas. Uma pena, sem retorno nem remissão".


domingo, 5 de maio de 2024

DIA DE VER FOTOGRAFIA...

O que gostava mesmo era de ver uma exposição de David LaChapelle em Lisboa. Isso é que era.

Em todo o caso, hoje é dia de vadiar um pouco e de ver fotografia. E de tomar fôlego: os dias 6, 7, 8, 10, 11, 12, 13, 14, 16, 17, 18, 20, 21, 22, 24, 25 e 29 não me vão dar assim muito descanso ("isto só no privado é que se trabalha blablabla...").


sábado, 4 de maio de 2024

IL GRANDE TORINO

Faz hoje 75 anos. Um Fiat G.212 da Avio Linee Italiane chocou contra o muro oriental da basílica de Superga, a pouco mais de 12 quilómetros do antigo aeroporto de Turim. Morreram todos os que iam a bordo. Regressavam de uma deslocação a Lisboa, na festa de homenagem a Francisco Ferreira, jogador do Benfica. Uma tragédia que ficou/ficará para a história do futebol.

O Torino era a equipa invencível, com cinco vitórias consecutivas no campeonato italiano. Só voltaram a ganhar o scudetto em 1975/76. E a Taça de Itália, em 1993. Nada mais.


PLACAS TOPONÍMICAS E ESCALA SOCIAL

É uma das mais marcantes memórias da minha infância e juventude. Muitas das ruas (a maior parte? todas?) do bairro da Salúquia, em Moura, não tinham placas toponímicas destas (a conquista do azulejo, para cá do Barranco da Cerca, chegou bem depois do 25 de abril). Tenho uma memória muito nítida das placas toponímicas em zinco, pintado de preto, e com o nome das ruas "aberto" em cor branca.

Os azulejos, e as luminárias bonitas e de desenho elegante, estavam reservados ao centro da vila. Era tudo, a começar (ou a terminar) aí, uma questão de escala social.

Ver: https://ruascomhistoria.wordpress.com/2022/02/16/quem-foi-quem-na-toponimia-do-municipio-de-moura-5/




sexta-feira, 3 de maio de 2024

O LUGAR ONDE O CORAÇÃO SE ESCONDE

“O lugar onde o coração se esconde / e a mulher eterna tem a luz na fronte / fica no norte e é vila do conde”. Esta é a parte final do meu poema preferido de Ruy Belo. Todo o poema é uma sentida declaração de amor a um sítio. Lembrei-me dele, emocionadamente, ao ler, a meu respeito, esta frase simples, numa publicação no facebook, “esteve bastante tempo em Moura mas é da Amareleja”.

Fisicamente, não sou da Amareleja. Não nasci lá, nunca lá vivi, não andei lá à escola, não conheço as pequenas histórias do quotidiano, nem os detalhes das vidas e das famílias. Não foi lá o meu primeiro namoro, nem o primeiro cigarro fumado às escondidas, nem foi lá o meu primeiro beijo. A minha realidade quotidiana não foi, não é, a Amareleja. Mas está aqui, no corpo daquele que agora escreve, a genética de um sítio. A memória dos meus bisavós e a dos meus avós. Quando me perguntavam, ou perguntam, “mas a sua família, aqui na aldeia, é de onde?”, respondo, com segurança, “do Alto de Bombel”. É certo que não sou de lá. Mas aquela simples frase do meu amigo António Castelhano “esteve bastante tempo em Moura mas é da Amareleja” vale esse reconhecimento de convicta pertença emocional a um sítio.

Quando, no outro dia, vi o Grupo Coral da Sociedade Recreativa Amarelejense avançar, pela nave do Panteão Nacional, não pude deixar de pensar, sorrindo para dentro, “os meus avós haviam de gostar de ver isto”. Escrevi um dia que a Amareleja é a paixão dos fortes. Roubei a expressão ao título de um filme de John Ford, mas isso é que menos interessa. Escrevi, no início de um texto para um livro intitulado “Amareleja”: “A terra é quente, as pedras escaldam. O calor molda o espírito e ajuda a afeiçoar o vinho. É assim o verão na Amareleja. Quando chegar o outono, o calor será um pouco menos. Haverá vindimas e depois virá o frio e depois haverá vinho novo. Por agora, o céu é quase sempre azul. Entre o céu e a terra se fez a Amareleja. Entre o céu e a terra se faz o vinho da Amareleja”. Sete anos se passaram. Escreveria, de novo, as mesmas palavras. E, talvez, outras mais, agora que o tempo passou e a passagem do tempo me tornou (ainda) mais livre.

Somei, ao longo da minha vida autárquica, vitórias e derrotas, momentos doces e amargos. E ganhei pequenas condecorações. Um dia, num 15 de agosto tenso, na Amareleja, um senhor mais velho, com quem continuo a manter relação de amizade, parou para me cumprimentar e para me dizer “vê-se mesmo que o senhor gosta de estar com o povo”. Agradeci polidamente, enquanto pensei “acabo de ganhar um pouco de paz e de ficar feliz”.

Fisicamente, não sou da Amareleja. Por todas as razões que escrevi mais acima, e por outras mais que poderia acrescentar. Mas a Amareleja é um dos sítios onde o meu coração se esconde. Portanto, sou de lá, sim senhor. Senti isso, com toda a tranquilidade do mundo, enquanto vi o Grupo do Terreiro descer a Rua de São Pedro, em Alfama. Voltei ao Panteão, a passo lento, pensando “acabo de ganhar um pouco de paz e de ficar feliz”.

Crónica em "A Planície"




quinta-feira, 2 de maio de 2024

FAUSTO GIACCONE - O POVO NO PANTEÃO

Depois de "Artur Pastor - o Povo no Panteão" (em 2021), é a vez de Fausto Giaccone. Memória de uma importantíssima reportagem, feita no Ribatejo e no Alentejo, no verão de 1975. Inauguração no dia 7, às 19 horas.

Hoje, no facebook do Fausto:

Si inagura il 7 maggio a Lisbona una mia mostra personale sui giorni dell'"estate calda" dell'agosto 1975, tra Lisbona e le campagne del Ribatejo. Ci saranno alcune foto inedite sia delle occupazioni delle terre che di Lisbona. La mostra rimarrà aperta fino al 25 di agosto. Ringrazio il Panteão Nacional e l'Istituto Italiano di Cultura di Lisbona che hanno reso possibile la realizzazione di questa mostra.


quarta-feira, 1 de maio de 2024

DOZE INDOMÁVEIS PATIFES

Doze presidiários são treinados para levar a cabo missões militares de alto risco. Isto faz-me lembrar alguma coisa, mas de repente não estou a ver o quê...















terça-feira, 30 de abril de 2024

50 RAZÕES PARA DEFENDER A CORRIDA DE TOUROS

Um livro extraordinário. Comprei a primeira edição, em 2011. Vai na quarta. Francis Wolff não é um bárbaro sanguinário. É um reputado professor universitário e um homem de Cultura. Tauromaquia é Cultura. Como Francis Wolff explica em 50 tópicos, bem escritos e bem informados.


MORA SUR MER

É uma das mais fantásticas fotografias de Fausto Giaccone, feita no verão de 1975. Numa parede em Mora, desenharam-se palavras e slogans, palavras em ondas e um sobreiro-palmeira inclinado sobre a água, em jeito tropical, que tanto pode "ser" na barragem de Montargil como na do Maranhão.

Era difícil que numa parede coubesse tanta espontaneidade, mas coube. Fausto Giaccone volta a estar em Portugal, a partir de dia 7 de maio.


segunda-feira, 29 de abril de 2024

MAIO, MADURO MAIO

Maio é mês de livros. Dois num só mês. Colaboração num, co-autoria de outro. Têm ambos a ver com memória(s). Através de um deles um grande fotógrafo, Fausto Giaccone, regressa a Portugal. O outro é um inventário de património.

Por diferentes razões, deram-me "água pela barba". Mas o pior já lá vai. Serão, ambos, anunciados condignamente dentro de dias. A suivre...


UN PRIMOR DE MANTEQUILLA

Mértola - 13:12 de sábado, na rotunda. Passam dois casais espanhóis. Um dos homens, de carregado sotaque andaluz, ia falando, entusiasmado, sobre uma marca de manteiga: "es que la mantequilla Primô', e' un primô' de mantequilla". Não muito original  mas já vi anúncios (bem) piores.  


domingo, 28 de abril de 2024

IKIRU

O burocrata, a solidão e a morte. Um filme de 1952 de Akira Kurosawa que vi, há muitos anos (40?) e que agora gostaria de rever. Em todo o caso, é um filme que todos os burocratas deviam ver.


sábado, 27 de abril de 2024

I ❤ BUROCRACIA: O MEU IMODERADO AMOR POR PERFEIÇÕES ABSOLUTAMENTE INÚTEIS

O'Neill foi um português originalíssimo. Um homem inspirador. Um anti-burocrata. Viveria mal hoje, no meio das folhas de Excel e dos inquérito via-drive... Já imaginaram um poema em Excel? Pois... eu também não.

Guichê / 1

Quando o burocrata trabalha é pior do que quando destrabalha.
Antes quero esperar, aquém guichê, que ele discuta toda a bola ou pedal que tem para discutir
com os destrabalhadores dos seus colegas;
antes quero esperar pelo meu burocrata
do que ter a desilusão de o ver trabalhar para mim mal eu chegue.
Isso custa-me pés e cotovelos, cãibras e suspiros, repentinos ódios vesgos,
projectos de cartas a directores de vespertinos,
mas se o meu burocrata assomasse à copa do papel selado
e me convidasse, acto contínuo, a dizer ao que vinha pelo higiafone,
da boca não me sairia um pedido, mas um regougo,
e eu teria de ceder a vez
ao cigarro que me queimasse a nuca.
É preciso exercer a paciência e cultivar a doçura no canteiro do rosto,
enquanto o burocrata destrabalha.
Geralmente não serve de nada pigarrear ou dizer com voz-passadeira «Fazmòbséquio».
Levantar-se-iam, além guichê, as sobrancelhas de, pelo menos, três sujeitos.
Melhor será começar pelo globo que pende do tecto
e que é um olho vazado sobrepujando a cena.
Melhor será observar como a mosca dos tinteiros
nele pousa as patinhas escriturárias.
Depois (lição de coisas!) baixar os olhos para o calendário mural
e ver quantas cruzes a azul ainda faltam para liquidar o mês.
A seguir, circunvagar o olhar para ir enquadrar noutra parede
um calendário perpétuo parado um mês atrás.
Também aqui há zelo e desmazelo.
Também aqui falta o tempo e sobra o tempo.
Por certo é o mantenedor do calendário em dia
o que está a vir para estes lados.
Já olhou para mim. Sorrio-lhe. Passou.
Volto ao globo e, geografia cega,
pergunto aos meus botões «Onde será Paris?»
Mas não é o terráqueo. É um abafador
que trago desde a infância e não abafou népia.
Rompeu-me a algibeira e não abafou népia.
Curvo-me, enfio a cabeça pelo guichê e, num assomo,
comando em voz clara e alta: TODOS AOS SEUS LUGARES!
Quebrei o encanto!
Os burocratas que destrabalhavam correm pra mim à uma.
Trémulo de prazer, pergunto a um deles: «É o senhor o meu



sexta-feira, 26 de abril de 2024

I ❤ BUROCRACIA: POEMA DA FLOR PROIBIDA

Se uma coisa me irrita é aquela burocracia inútil com que enxameiam as nossas vidas. Desisti, ontem, de participar num congresso, algures na Europa - depois da minha proposta de comunicação ter sido aceite - porque me enviaram quatro ou cinco longos pdf's com tretas para responder e com instruções para seguir. Perdi, de vez a paciência, quando me perguntaram sobre crimes cometidos nos últimos cinco anos. Não sei se uma multa (leve) por (ligeiro...) excesso de velocidade conta. Fechei o computador murmurando baixinho "vão à *****".

A burocracia inútil é um inferno quotidiano. De pouco serve e tudo empata. Só me evoca homens sisudos e de chapéu de coco. Um poema de Gedeão e uma tela de Magritte. O poema já por aqui andou em 31.3.2009, a tela também, em 20.9.2013.


Por detrás de cada flor
há um homem de chapéu de coco e sobrolho carregado.

Podia estar à frente ou estar ao lado,
mas não, está colocado
exactamente por detrás da flor.
Também não está escondido nem dissimulado,
está dignamente especado
por detrás da flor.

Abro as narinas para respirar
o perfume da flor,não de repente
(é claro) mas devagar,
a pouco e pouco,
com os olhos postos no chapéu de coco.

Ele ama-me. Defende-me com os seus carinhos,
protege-me com o seu amor.
Ele sabe que a flor pode ter espinhos,
ou tem mesmo,
ou já teve,
ou pode vir a ter,
e fica triste se me vê sofrer.

Transmito um pensamento à flor
sem mover a cabeça e sem a olhar
De repente,
como um cão cínico arreganho o dente
e engulo-a sem mastigar.











Golconde está na Menil Collection, em Houston, no Texas. Foi pintado por René Magritte (1898-1967) em 1953.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

25 DE ABRIL DE 2024

Fomos 17 a celebrar os 50 do 25, logo pela manhã.

Fiz questão de estar em Moura, com os meus camaradas e amigos.

Para registo (da esquerda para a direita, sem leituras políticas ☺️):

Helena Costa, Daniel Ortiz Rodrigues, José Maria Pós-de-Mina, André Linhas Roxas, José Finha, Ana Almaça, Luís Rico, Santiago Macias, Paula Ventinhas, Jorge Pós-de-Mina, Ana Farinho, Luís Raposo, Maria José Silva, Manuel Bravo, Gabriel Ramos, José Flores e Joaquim Carrilho.

Em balanço, e no meio do grupo (e entre antigos e atuais): 2 presidentes e 10 vereadores.


25 DE ABRIL DE 1974

Ficou conhecido como o Hino do Movimento das Forças Armadas. É, de facto, uma marcha militar do compositor inglês Henry Russell (1812–1900), datada de 1838. É um dos símbolos dos meses que mudaram Portugal, para sempre.

Foi escolhida, creio que quase por acaso, nos estúdios do Rádio Clube Português, no próprio dia 25 de abril. Acompanhou as nossas vidas durante os anos de 1974 e de 1975.

Nestas alturas há imagens que me ficam gravadas: os tanques nas ruas, o Povo, Salgueiro Maia, os cravos, a alegria das pessoas, os cartoons de João Abel Manta...

Este foi, é, será o grande dia das nossas vidas.




 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

O JOGO ESQUECIDO

Em Lisboa tinha havido empate. Para passar à final da Taça dos Vencedores de Taças, o Sporting não podia perder em Magdeburgo. Seria um regresso à final da competição, uma década depois da vitória em Bruxelas.

No final da tarde de 24 de abril juntámo-nos todos à volta do His Master's Voice a preto e branco para ver o jogo. A 20 minutos do fim, o Sporting perdia por 2-0, sem que o Magdeburgo tivesse jogado nada de especial. A 12 minutos do fim, Marinho reduziu para 2-1. Quase de seguida, Tomé falhou, inacreditavelmente, o empate (é esse desalento que a fotografia mostra). Os alemães estavam de gatas. Deu-se então uma parte gaga. Isto para que não digam que os latinos é que são "fiteiros"... Um alemão simulou uma lesão. Entra o massagista do Magdeburgo. Aquilo prolonga-se por uns minutos. Quando vai de regresso em direção à linha lateral, o massagista abre, "acidentalmente", a mala. Espalha-se pelo relvado todo o seu conteúdo, uma mistura de frascos e frasquinhos, que toda a gente ajuda a apanhar. Aqueles momentos quebraram o ritmo, de total domínio, do Sporting. Com a ajuda de um pequeno golpe de teatro, a Magdeburgo passava à final...

No dia seguinte, tudo isto deveria dar manchetes nos joirnais. Não deu. Porque o outro dia foi o que se sabe.


terça-feira, 23 de abril de 2024

DEPOIS DO HERRI BATASUNA

A entrada do Herri Batasuna foi o principio de uma enorme "animação". Armou-se "la marimorena". Gritos, boicotes, expulsões etc. Isso durou até junho de 2005, quando o Herri Batasuna foi ilegalizado. Surgiu depois o Eukal Herria Bildu, próximo do separatismo mas mais moderado e abrangente. No passado domingo, houve um pequeno "susto". O futuro é cada vez menos previsível...

Dos três eleitos em 1979, Telesforo Monzón (1904-1981), Francisco Letamendía (n. 1944) e Pedro Solabarría (1930-2015) apenas Letamendía está vivo. Que diria o trio nesta altura?


domingo, 21 de abril de 2024

UM DIA INESQUECÍVEL

Não tenho muitos dias assim, numa carreira profissional com quase 40 anos.

Foi um prazer enorme, e uma emoção difícil de traduzir em palavras, ver o Panteão Nacional completamente cheio na celebração dos 10 anos do cante alentejano como Património da Humanidade.

Por ali passaram, por ordem de atuação:

Grupo Coral Infantil da Escola do Sete e Meio (Moura)

Grupo Coral e Etnográfico "Os Camponeses de Pias" (Pias)

Grupo Coral e Etnográfico "Cantares de Évora" (Évora)

Grupo Coral e Etnográfico da Casa do Povo de Serpa (Serpa)

Grupo Coral da Sociedade Recreativa Amarelejense (Amareleja)

Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento (Vila Nova de São Bento)

Grandes vozes e grande presença. Um grande final, com os grupos todos cantando, em conjunto, o "Alentejo! Alentejo!".

Depois, foi mesmo uma festa, cantando Alfama abaixo até à sede do Grupo Sportivo Adicense, onde foi o lanche. E ainda aquela nota fantástica do Rancho de Cantadores ter homenageado um casal de senhoras que acabara de casar.


Fotografia: "A Planície"








BARTOLOMEU COSTA CABRAL (1929-2024)

Foi uma carreira longa e perfeitamente realizada, a de Bartolomeu Costa Cabral, que ontem faleceu. Foram muitos os projetos, os prémios, é consensual o reconhecimento dos pares.

Aqui o recordo porque precisamente dentro de um mês vai ser apresentado um livro que tem uma obra sua: a agência de Caixa Geral de Depósitos de Sintra (1978).


sábado, 20 de abril de 2024

NÃO FOSSEM OS MANDATOS DA CDU...

E não teria havido:

* A obra da Mouraria;

* A casa dos poços;

* O Museu Gordillo;

* A reabilitação da Torre de Menagem;

* O jardim das oliveiras;

Ou seja, os jornalistas da "Visão" viriam a Moura ter visões.

Nos últimos sete anos, o que se criou, a este nível, em termos de reabilitação urbana? ZERO.


quinta-feira, 18 de abril de 2024

ASTON VILLA

Tenho seguido, com interesse, a carreira do Aston Villa. Têm duas finais europeias no currículo. Desde há 41 anos, nada mais. Este ano estão nas meias-finais da Conference League. Aposto que chegam à terceira final. O treinador? Unai Emery, o que ganhou quatro Ligas Europa. Mais um acaso, com toda a certeza...

quarta-feira, 17 de abril de 2024

CONCERTO DE AVES

sabes, as aves aquáticas já não pernoitam junto ao mar nem por entre os nossos dedos de areia
sobem-nos vozes calcárias à garganta, estrangulo-me neste humilde canto, fico atento ao eterno silêncio do teu castelo

às vezes escuto o teu cantar, raramente, é certo...mas quando cantas saem-te nomes puros da boca e sorrisos diáfanos de cristais
os lábios incendeiam-se com vinho, teu corpo adquire o sabor misterioso das algas
no crepúsculo expande-se o perfume a moreia frita, teu olhar é o mosto dos nossos desejos

dançamos à roda dum mastro, saia em papel de seda bordada com búzios...uma quadra flutua pela noite de nossos cabelos
rodopias, e os teus amores são relembrados pela noite adiante
espalham-se estrelas cadentes, papoulas breves, junco molhado e o mar enche-se novamente de pássaros, embarcações semelhantes a beijos que nos percorrem de alegria

Uma recente "visão" do Concerto de aves, de Frans Snyders, que está no Museu do Prado, levou-me a Al Berto. Uma maneira diferente para terminar uma quarta-feira agitada.

terça-feira, 16 de abril de 2024

O JOÃO OLIVEIRA! O JOÃO OLIVEIRA É QUE É!!! QUAL JOÃO OLIVEIRA???

O João Oliveira anda, desde há umas semanas, desaparecido dos media. Quando não era candidato "ele é que era", "ele é que devia ser", "o vosso camarada João Oliveira é melhor que o Raimundo e que os outros todos", "vocês têm sempre os mesmos, o João Oliveira é que era!". Por sinal, o cabeça de lista ao Parlamento Europeu é o João Oliveira. Não a pedido, claro, mas por ser o camarada que reúne melhores condições. Subitamente, o João Oliveira sofreu um eclipse. Ou melhor, fala-se é do seu homónimo do Big Brother...

Só a muito custo veremos o João Oliveira nas televisões e nos jornais nas próximas semanas. Mas o João Oliveira é que era... Se fosse ele...


segunda-feira, 15 de abril de 2024

CANTE ALENTEJANO, VOZ E SANTA ENGRÁCIA

O cante alentejano no Panteão Nacional. Porque o Dia da Voz é, também, o Dia de Santa Engrácia. Dia 20, às 17 horas, com entrada livre.

Seis grupos de outras tantas localidades: Amareleja, Évora, Moura, Pias, Serpa e Vila Nova de S. Bento.


ESTA VIDA DAS AUTARQUIAS ESTÁ A DAR CABO DE MIM, RAPARAPARAPARAPARAPARAPARIM

Este é um desafio e tanto. A experiência de ex-autarca e de diretor de um monumento nacional. É sobre isto que os moços querem que eu vá falar. E da forma como vejo a responsabilidade cívica, que cabe a cada um de nós.

Então vamos a isso, num sessão (para mim) inédita, ante uma plateia de alunos de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra. A terra pode não tremer. Já eu 🙂...

domingo, 14 de abril de 2024

MANHÃ ÁUREA

Foram mais de quatro quilómetros entre a subida e a descida. Um percurso habitual, mostrando aos alunos, ao vivo. o que se faz e como se faz a integração do património arqueológico no quotidiano de uma cidade.

O Aurea Museum Hotel alberga uma dessas experiências. Passagem obrigatória pelo excecionla Teatro Romano de Lisboa. E pelo Castelo de S. Jorge.


sábado, 13 de abril de 2024

MOURA - 25 DE ABRIL? QUAL 25 DE ABRIL?

Com exceção de uma atividade do Museu Municipal, o programa dos 50 anos do 25 de abril promovido pelo Município em nada se afasta do que foi feito em anos anteriores. E um cinquentenário não deveria uma qualquer e banal celebração.

Nem uma reflexão digna desse nome.

Nem uma exposição.

Nem uma explicação do que era o concelho durante o Estado Novo.

Bem entendido, uma proposta feita pelo PCP no âmbito da Assembleia Municipal foi rejeitada.

Nada sobre o quotidiano das populações, nem sobre a falta de liberdade, nem sobre a polícia política. Nada de nada.

O pior de tudo, como diz um amigo meu, a propósito da gestão autárquica em Moura? É a banalização da mediocridade.


sexta-feira, 12 de abril de 2024

TUDO POR ACASO, CLARO...

São 21 títulos ao serviço de seis clubes em três continentes (Braga, Benfica, Sporting, Al-Hilal, Flamengo e Fenerbahçe). Isto foi tudo por acaso, claro...

Excelentes mesmo são aqueles que nunca ganham nada.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

O PANTEÃO NA EUROVISÃO (RIMA E É VERDADE)

A cantora iolanda escolheu o Panteão Nacional para o seu vídeo promocional para a campanha de Malmö.

A gravação teve lugar há umas semanas. Respeitámos, claro, o compromisso de não revelar esta iniciativa. "Estamos" na Eurovisão pelo segundo ano consecutivo. Uma visibilidade que me/nos agrada.


quarta-feira, 10 de abril de 2024

É UMA VEZ UM MUSEU

Visita, ao final da tarde, com os alunos dos mestrados em Arqueologia e em Património da NOVA - FCSH, ao Museu Nacional de Arqueologia. Um percurso fundamental para se perceber o antes, o durante e o depois de uma intervenção de grande gabarito. O museu está aberto para obras.

Foi também o momento para rever/recordar detalhes da minha primeira visita ao museu, no início de 1974...









terça-feira, 9 de abril de 2024

CORO DOS EMPREGADOS DA CÂMARA

É tão vazia a nossa vida,

é tão inútil a nossa vida
que a gente veste de escuro
como se andasse de luto.
Ao menos se alguém morresse
e esse alguém fosse um de nós
e esse um de nós fosse eu…


… O Sol andando lá fora,
fazendo lume nos vidros,
chegando carros ao largo
com gente que vem de fora
(quem será que vem de fora?)
e a gente pràqui fechados
na penumbra das paredes,
curvados pràs secretárias
fazendo letra bonita.

Fazendo letra bonita
e o vento andando lá fora,
rumorejando nas árvores,
levando nuvens pelo céu,
trazendo um grito da rua
(quem seria que gritou?)
e a gente pràqui fechados
na penumbra das paredes,
curvados pràs secretárias
fazendo letra bonita,
enchendo impressos, impressos,
livros, livros, folhas soltas,
carimbando, pondo selos,
bocejando, bocejando,
bocejando.
Manuel da Fonseca


segunda-feira, 8 de abril de 2024

HOPKINS E O PASSAR DO TEMPO

Se não foi o melhor trabalho que alguma vez vi no cinema anda muito perto disso. Refiro-me ao desempenho de Anthony Hopkins em O pai. Talvez há uns anos achasse esse desempenho extraordinário. Agora é um pouco mais do que isso. Fica-se, pessoalmente, entre o desconforto e a incerteza.

domingo, 7 de abril de 2024

ALFERRAREDE HOPPERIANO

Pintura de Maria Lucília Moita (1928-2011) no MIAA - Museu Ibérico de Arqueologia e Arte. A estação de caminho de ferro de Alferrarede, em 1959, num registo um pouco hopperiano.

O MIAA, no antigo Convento de São Domingos, reabilitado com projeto de Carrilho da Graça, foi Museu do Ano em 2023.

sábado, 6 de abril de 2024

PANTEÃO ABRANTINO

Dá-se um passinho fora de casa e a primeira coisa que encontramos é... um panteão. Onde? No Castelo de Abrantes.

A igreja (Santa Maria do Castelo) é muito bonita e o projeto de recuperação é mesmo muito bom. Já o projeto museográfico me deixou sérias reservas, por ser demasiado intrusivo, precisamente o que não queria ser...

O Panteão é o da família Almeida, outrora poderosíssima, "aquém e além mar".